quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Argentina X Brasil

Queridos leitores, este é um texto encomendado junto a Jenny Taylor. Eu fiz a proposta que nós trocássemos textos sobre o confronto de sábado, e o bom de pedir ajuda prá ela é que ela GOSTA E ENTENDE de futebol, coisa rara entre as mulheres. No fim do texto tem o link pro meu post lá no blog dela, ok?


A boa vizinhança:

Jenny traindo a pátria amada!

Todo mundo já teve um vizinho irritante, daqueles que cuidam da sua vida, que resolvem usar a furadeira as sete da manhã de Domingo e gostam de falar que o quintal deles é mais firmeza, que a pintura da casa deles é melhor, que o cachorro é mais gordinho e que tudo é infinitamente mais bonito que o seu.

Nossa relação com a Argentina é assim. Eles tão ali, coladinhos na gente, com aquele jeito meio nojinho de ser, seus rapazes cabeludinhos, moças narigudinhas, bife de chorizo, alfajor, tango e futebol. Dizem que são a Europa da América Latina, que são educados, phinos, cultos, que somos os “macaquitos” e o que mais dói, que jogam bola melhor.

O certo seria ter uma raiva eterna dos hermanos, néam?! Mas nem tenho, sabe por que? Porque a vida do boleiro perderia metade da graça sem esses vizinhos chatos enchendo o saco.

Sábado, dia 5 de Setembro, na cidade de Rosário, Brasil e Argentina se enfrentam pelas Eliminatórias da Copa. Um encontro que já rendeu vitórias suadas, derrotas amargas e histórias do arco da velha. O Brasil vem embalado, os hermanitos vêm trupicando no cadarço da chuteira, perigando amargar uma repescagem com a negada da Concacaf.

Se engana quem acha que a rivalidade morre quando o assunto não são as Seleções. Fato é que a Copa Libertadores (Copa Santander Libertadores é meu piru) perderia metade da graça, da lindeza e do sangue se os times brasileiros e argentinos não jogassem a vida. De La Plata em 83 até o Papão da Bombonera em 2003.

O Brasil é penta-campeão mundial, venceu mais confrontos diretos em Copas do Mundo e é o país do Rei do Futebol. Mas nada dá jeito na boca nervosa dos hermanos. São duas Copas, quatorze Copa América, uma Copa das Confederações, dois ouros Olímpicos e por último, mas não menos importante:

Ventiduas Libertadores!!!

O primeiro jogo oficial entre as duas seleções deu-se em 1914. Resultado? 1 x 1 com direito a gol irregular da equipe Argentina, que não comemorou o lance por ordem de seu capitão, Gallup Lanus.

Se no ínicio, eles se portavam como gentlemans, não comemorando gol irregular, em 1937 deixaram pra trás essa de boa vizinhança. Surgia assim o apelido “carinhoso” de macaquitos. Começava aí uma vida de provocações, de décadas jogando a honra. Em 37, a Alvi-Celeste detonou o Brasil, mandando quatro pra casa em estado lastimável. A delegação brasileira ainda saiu de campo com medo, para encontrar o vestiário trancado (olha, bateu um #83feelings forte aqui). Éééé...ninguém mandou o ponta Ricardo declarar que: “daremos até a última gota de sangue”. A Alvi-Celeste não entra pra brincar desde os tempos mais simples.

Como o brasileiro não desiste nunca, todo mundo apostou na revanche da Seleção em 39, em pleno São Januário. Doce ilusão...os hermanos não brincaram em serviço e curraram os macaquitos logo de 5. Detalhe, o Brasil nunca tinha perdido em casa.

Porém, as coisas mudariam de figura uma semana depois, pela segunda partida, ainda em São Januca. O jogo terminaria empatado se não fosse por um pênalti não muito claro no finalzinho, depois do fudevouz em campo, com direito a árbitro apanhando, a Argentina se retira. É o famoso caso do “Pênalti Sem Goleiro”, convertido por Perácio.

Daí em diante a coisa nunca mais foi a mesma, com direito a um peculiar diálogo entre Chico (gaúcho macho, tchê) e um hermano, em 46:

“- É melhor não jogar. Nós vamos te matar.
- Pois vão ter que me matar mesmo!”

Não, Chico não morreu (faltou pouco), mas a seleção inteira apanhou feito boi ladrão, teve perna quebrada de argentino, e mesmo assim o jogo teve sequência. Impossível jogar direito assim, o que garantiu a vitória porteña por 2 x 0. Só os fortes sobrevivem, e dessa vez, foram os Argentinos.

Muitos jogos, muitas brigas, muitas alegrias e decepções estavam por vir, mas tudo isso nasceu nesses primeiros 50 anos. Nesse jogo em 46. O melhor duelo entre brasileiros e argentinos, definindo uma história inteira de futebol apaixonado.

Foram 10 anos até que se encontrassem de novo. DEZ ANOS. Depois disso, os personagens dessa história de amor e ódio eternos se formaram... Pelé estreou na seleção fazendo um gol na Argentina, Pelé que dizem ser melhor que Maradona. Caniggia que acabou com a alegria brasileira em 90 depois da água batizada. Riquelme que gera calafrios até hoje na Azenha e mais alguns hermanitos que à força escreveram seus nomes no futebol brazuca.

Não, não tenho raiva mesmo de Argentino! Não posso ter raiva de quem ajuda a construir a história do futebol.

7 comentários:

  1. Mas como comentei lá no teu quintal, antes a Argentina era superior porque entrava em campo de espóra e foice, e o que se via não era bem futebol, estáva mais para o jeito Stalin de governar.

    Hoje, futebol moderno, marica para alguns, os argentino não podem mais enfiar os dedos nos olhos dos jogadores, dar soco por trás, chamar de "macaco", estas coisas que faziam do futebol argentino unico no mundo.

    Então, cara Jenny traidora da pátria, é nózes nas cabeças!

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  2. Só corrigindo #alocka das datas...dia 15 não, porra...dia 5 ¬¬

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  3. Também não tenho raiva da Argentina, muito pelo contrário. Apesar de não ser mais a mesma Argentina de uns tempos atrás, ainda acho melhor que ver esses brazileiros macaquitos fazendo firula em campo.

    Arrentina! Arrentina!

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  4. O melhor do post é a foto da Jenny, pq dps d falar q num tm nada contra argentino ... parei de prestar atenção!

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  5. Tirando o fato que eu sou uma defensora com unhas e dentes de todos os argentinos, inclusive do Maradona (pode vaiar!), será mesmo que o Flamengo teria ganho a Libertadores se nossos hermanos estivessem participando naquele ano?

    Jenny resumiu em apenas uma frase: "Não posso ter raiva de quem ajuda a construir a história do futebol."
    Em alguma coisa os países da América do Sul têm que ser bons né?

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Seguinte: essa bagaça é moderada, mas não tenha medo de comentar. Mas se você xingar a mãe alheia (principalmente a minha) eu dificilmente vou aprovar seu comentário.

No mais, senta o dedo nessa porra!